LIMA — O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira, na capital peruana, que é "incogitável" a possibilidade de o governo brasileiro fechar a fronteira com a Venezuela, como
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Ao contrário, quando fomos lá nós dissemos: haverá fiscalização, até produzimos carteira de identidade provisória para os refugiados, até por proposta da senhora procuradora-geral da República (Raquel Dodge). Então, fechar fronteira é incogitável — afirmou o presidente.
A governadora de Roraima argumenta que a crise no país vizinho provocou "uma verdadeira explosão no fluxo migratório". Segundo a prefeitura de Boa Vista, 40 mil venezuelanos moram na capital e já representam mais de 10% da população da cidade, que hoje é de 330 mil pessoas.
A Polícia Federal calcula que cerca de 800 imigrantes cruzam diariamente a fronteira entre o Brasil e a Venezuela, em busca de melhores condições de vida.Michel Temer, que está em Lima para participar da Cúpula das Américas, disse ainda que as sanções à Venezuela ficarão na seara diplomática, como a decisão de não permitir a participação dos venezuelanos no Mercosul, enquanto o país mantiver situação "politicamente inadequada". Além disso, afirmou que o Brasil quer dar ajuda humanitária à Venezuela, mas que o país negou o suporte, como quando não aceitou o envio de medicamentos pelo governo brasileiro logo quando o presidente assumiu.
— Adotamos sanções diplomáticas, a primeira delas de não permitir a presença da Venezuela no Mercosul enquanto houver essa situação politicamente duvidosa e talvez inadequada na Venezuela — disse o presidente, que acrescentou: — O segundo ponto é que nós estamos dando apoio humanitário, primeiro acolhemos refugiados, e o segundo ponto é que, há tempos atrás, nós pretendemos mandar alimentos e remédios para lá e foi negado, mas nós queremos ajudar humanitariamente a Venezuela.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, assegurou que, neste momento, seu país não pensa em fechar a fronteira com a Venezuela, por onde passam, segundo estimativas, cerca de 40 mil pessoas por dia. Perguntado sobre o pedido feito pelo governo de Roraima ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente colombiano assegurou que as fronteiras “se fecham quando as circunstâncias obrigam a tomar uma decisão desse tipo”.— Cada país tem seus problemas particulares em suas fronteiras, neste caso com a Venezuela. Nós optamos por ter um controle mais rigoroso e, neste momento, estamos implementando um registro de todos os venezuelanos que entram à Colômbia, o que é um número expressivo — explicou Santos ao GLOBO.Para o presidente colombiano, que mantém uma relação de extrema tensão com o governo do presidente Nicolás Maduro, fechar a fronteira é uma decisão extrema.— Se fecha quando as circunstâncias obrigam a fechar. Mas cada fronteira tem suas características e cada país administrará suas fronteiras como achar melhor — opinou o presidente, sem querer se meter diretamente na discussão entre o governo Michel Temer e as autoridades de Roraima.
Cerca de 40 mil imigrantes venezuelanos vindos de Roraima deverão desembarcar em São Paulo até abril. Inicialmente, a cidade vai receber apenas adultos solteiros nos centros de acolhimento temporário.
Os centros de acolhimento, que são destinados à população em situação de rua de São Paulo, vão oferecer camas e kits de higiene pessoal para os venezuelanos.